sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Deserascanço... à Portuguesa

Aprendam...


Conto, aliás, uma história que ouvi recentemente.
Um cidadão português, que sempre desejou ter uma casa com vista para o Tejo, descobriu finalmente umas águas-furtadas algures numa das colinas de Lisboa que cumpria essa condição. No entanto, uma das assoalhadas não tinha janela.

Falou então com um arquitecto amigo para que ele fizesse o projecto e o entregasse à câmara de Lisboa, para obter a respectiva autorização para a obra. O amigo dissuadiu-o logo: que demoraria bastantes meses ou mesmo anos a obter uma resposta e que, no final, ela seria negativa. No entanto, acrescentou, ele resolveria o problema.

Assim, numa sexta-feira ao fim da tarde, uma equipa de pedreiros entrou na referida casa, abriu a janela, colocou os vidros e pintou a fachada. O arquitecto tirou então fotos do exterior, onde se via a nova janela e endereçou um pedido à CML, solicitando que fosse permitido ao proprietário fechar a dita cuja janela.

Passado alguns meses, a resposta chegou e era avassaladora: invocando um extenso número de artigos dos mais diversos códigos, os serviços da câmara davam um rotundo não à pretensão do proprietário de fechar a dita cuja janela.

E assim, o dono da casa não só ganhou uma janela nova, como ficou com toda a argumentação jurídica para rebater alguém que, algum dia, se atreva a vir dizer-lhe que tem de fechar a janela! [....]



Nicolau Santos, in "Expresso online" [...]

11 comentários:

Alexandre disse...

Os portugueses são único para o bem e para o mal. E em matéria de desenrascanço não há como eles (nós). Por isso é que nos outros países gostam dos emigrantes portugueses. Por exemplo, numa fábrica alemã quando uma máquina pára os opera´rios alemães cruzam os braços e ficam à espera que chegue a assistência técnica. No entanto, os operários portugueses vão lá ver o que se passa, abrem, mexem, dão um jeito e a coisa fica a trabalhar. Isto é verdade e é muito comum nas multinacionais em Portugal, também!

Beijinhos!!!!!

Fallen Angel disse...

E eu estou com ele.

Se a merda da burocracia, como ficou provado, serve apenas para atestar a capacidade de quem tem obrigação de nos governar...

Desenrasquemo-nos!

Thiago Forrest Gump disse...

Parece piada!

Fiquei tão pasmo que perdi-me no raciocínio!

Anónimo disse...

Que pena o "nacional desenrascanço" não fomentar o desenvolvimento deste "rectangulo à beira-mar plantado".
Acaba até por ser uma relação de amor/ódio.

Um beijo para a "postadora"

Ao Luar disse...

Alexandre, tens razão, isto deve estar nos genes lusitanos :)
Eu desenrasco-me sempre, e nem fui à tropa heheheh
beijoca

Ao Luar disse...

Angel, infelizmente é cada um por si...
Até parece fácil trocar-lhes os olhos :)
beijinho amigo

Ao Luar disse...

Thiago, torna a ler, que com o tempo aprendes e passas palavra ai no Brasil, pode ser que resulte :D
beijo Luso

Ao Luar disse...

Anónimo, há que aprender com os erros ou com os desenrascanços alheios, pena ser assim...
Mas mesmo assim adoro este rectangulo à beira mar plantado :)
Beijo anónimo

Nanny disse...

Já conhecia este belo exemplo... pena que continuem a existir, mas é desta massa que somos feitos, sei lá!

Enquanto a malta for dando a volta ao texto, a coisa nem fica tão má, bera mesmo é quando nos perdemos nos meandros da burocracia e não vemos saída.

Beijos da gata

Tino disse...

Ah pois é! Lindo! :p

Uma beijoquinha pa ti!

Johnny Thursday disse...

Li alguns posts do teu blog e achei-o muito agradavel e refrescante.
Vou voltar em breve e ler o resto.

Beijo